FIOS DE LUZ

  BALADA INGÉNUA SOBRE AS BOMBAS INTELIGENTES  Se as bombas inteligentes fossem mesmo inteligentes não eram bombas. Eram fraldas descartáveis, meias de ligas, sandálias, cafeteiras, fósforos, colheres, lenços ao pescoço, búzios na areia, lençóis de linho, livros de poesia, coisas úteis, verdes, brancas, coisas de água e vento. Se as bombas inteligentes fossem mesmo inteligentes eram flores,  simplesmente flores, sem simbolismos nem lirismos, flores concretas  a tremer no ar tépido da tarde, flores com abelhas a zumbir à volta, flores azuis, nascidas da terra, flores amarelas, roxas, violetas, margaridas, cravos, miosótis, rosas repetidas para além de todas as evidências. Se as bombas inteligentes fossem mesmo inteligentes explodiam ininterruptamente  em cada Primavera e mesmo que não fosse Primavera explodiam pelo simples e desvairado prazer de lançar em todas as direções ogivas carregadas de brisas cantantes, águas felizes e pólen.  José Fanha e Jorge Letr...

                Segredo                      Sei um ninho                      e o ninho tem um ovo;                      e o ovo, redondinho,                      tem lá dentro um passarinho novo.                      Mas escusas de me atentar:                      nem o tiro nem o ensino;                      quero ser um bom menino,                      e guardar                      este segredo comigo                 ...

                                                                                                                                                    Urze Manhã Fresca manhã da vida, recomeço Doutros orvalhos onde o sol se molha. Nova canção de amor e novo preço Do ridente triunfo que nos olha. Larga e límpida luz donde se vê Tudo o que não dormiu e germinou; Tudo o que até de noite luta e crê Na força eterna que o semeou. Um aceno de paz em cada flor; Um convite de guerra em cada espinho; E os louros do perfeito vencedor À espera de quem passa no caminho. Miguel Torga   TORGA, M., Libertação, 1944

  Papagaios de Papel   Muito populares em todo o mundo os papagaios de papel terão tido origem na China há mais de 2000 anos. Construídos primeiro em seda e bambu.  No Japão os monges budistas encaravam mesmo os papagaios de papel como talismãs para afastar os maus espíritos. Hoje em dia são usados como um brinquedo que é lançado no ar como pura diversão ou para passar uma mensagem.   Material necessário para fazeres um papagaio:  * Palitos de bambu, canas ou varetas de plástico finas. * Papel de seda; papel normal pintado; plástico ou tecido fino.  * Fita cola  * Fio da algodão  * Tesoura  * Cola  Estrutura de um papagaio        Formas diferentes de papagaios                         Podes fazer o teu papagaio, faz primeiro o desenho e prepara a estrutura que precisas, para que ele possa voar.            ...

  Concerto As cigarras abrem livres, sobre as flores, Os seus caderninhos de poetas; E as formigas carregadas de embrulhos, silenciosas , Metem-se pela terra húmida Vindas da cooperativa das formigas trabalhadoras. Tudo isto sem fábulas, sem fome, sem lições de moral. Noite: dá-me um dedo de cristal muito fino Para tocar este concerto no pianinho das minhas bonecas!                                                         Matilde Rosa Araújo 

Sempre atual  a letra desta música belíssima de Ivan Lins  Depende de nós                   Depende de nós                 Quem já foi ou ainda é criança                 Que acredita ou tem esperança                 Quem faz tudo pra  um mundo melhor                  Depende de nós                 Que o circo esteja armado                 Que o palhaço esteja engraçado,                 Que o riso esteja no ar,                  Sem que a gente precise sonhar...                 Que os ventos cantem nos galhos,                 Q...

People Have the Power (tradução) Patti Smith Dream of Life As pessoas têm o poder Eu estava sonhando no meu sonho Com algo que parecia luminoso e justo E meu sono foi quebrado Mas o meu sonho permaneceu comigo Na forma de vales brilhantes Onde o ar puro prevalece Com meus sentidos recém-descobertos E eu acordei ao som dos gritos E o povo tem o poder De consertar o trabalho dos tolos A bondade cairá sobre os mansos Está decretado que o povo manda O povo tem o poder O povo tem o poder O povo tem o poder O povo tem o poder A vingança se fez suspeita E se curvou como se quisesse escutar E os exércitos pararam de avançar Porque as pessoas começaram a ouvir E os pastores e os soldados Deitam-se sob as estrelas Trocando visões, largando as armas Para se perderem na poeira Na forma de vales brilhantes Onde o ar puro prevalece Com meus sentidos recém-descobertos E eu acordei ao som dos gritos O povo tem o poder O povo tem o poder O povo tem o poder O povo tem o poder Onde havia desertos, eu vi ...

...................................um poema do 3º A  *  esc. António Nobre  FOLHAS SOLTAS    O velho planeta joga com tédio ao sol enquanto as nuvens correm com coragem no mato a água dança com a inveja do  jardim novo os tapetes de mar cantam com vergonha  e as flores acreditam no bosque da nostalgia Noutro lugar o castelo transporta a felicidade das árvores  as sementes caem na selva com grande alegria os galhos amarelos voam com  medo no recreio  os arbustos inteligentes crescem  na cabana da amizade e os gordos ramos mergulham na floresta do prazer em folhas soltas o pequeno vento vive na rua do amor e o céu carinhoso nada no tronco da paz.

                                    As minhas mãos mantêm as estrelas (...)        E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas.                                                                                    Sophia de Mello Breyner Andresen La luna   - um pequeno filme https://youtu.be/CCQ9v6XMC6c?si=U57TtHUKAjwKoIL8

APANHADOR DE PIRILAMPOS  a poluição dos escapes  os herbicidas foram-vos empurrando para fora do Pinheiro Manso antiga minha luz particular em noites doces procuro-vos e nada encontro senão lixo entre as folhas  fazeis-me  tanta falta  neste mundo escuro                                 Fernando Assis Pacheco

  As Fadas  As fadas... eu creio nelas! Umas são moças e belas, Outras, velhas de pasmar... Umas vivem nos rochedos, Outras pelos arvoredos,  Outras à beira do mar... Algumas em fonte fria Escondem-se, enquanto é dia, Saem só ao escurecer... Outras, debaixo da terra, nas grutas verdes da serra, É que se vão esconder ... O vestir ...são tais riquezas. Que rainhas, nem princesas Nenhuma assim se vestiu! porque as riquezas das fadas São sabidas celebradas Por toda a gente que as viu... Quando a noite é clara e amena E a lua vai mais serena, Qualquer as pode espreitar, Fazendo roda, ocupadas Em dobrar suas meadas  De ouro e de prata, ao luar. O luar é os seus amores! Sentadinhas entre as flores Ficam-se horas sem fim, Cantando suas cantigas, Fiando suas estrigas, Em roca de oiro e marfim. Eu sei os nomes de algumas: Viviana ama as espumas Das ondas nos areais, Vive junto ao mar, sozinha, Mas costuma ser madrinha Nos batizados reais. Morgana é muito enganosa; às vezes, mo...